Oito meses após a demissão de 450 funcionários, o Grupo Amazonas ainda não quitou todas as obrigações trabalhistas com seus ex-empregados. A solução, para eles, segundo o diretor da empresa, Saulo Pucci, é ter paciência.
O grupo não revela quantos ex-funcionários antigos ainda têm recursos para receber e nem o valor da dívida. De acordo com o próprio Pucci, cerca de 20% dos pagamentos ainda não foram realizados. “Para alguns funcionários que fizeram o PDV (Programa de Demissão Voluntária), não foi cumprido 100% daquilo que era devido. Nós já cumprimos cerca de 80% a 85% disso daí”, disse sem falar em valores.
Demitido em agosto do ano passado, após o término de adesão ao PDV e sete anos de dedicação à empresa, o operador de prensa Lucas da Silva Batista, 28, também não recebeu tudo o que estava combinado. Pai de uma criança de sete meses, ele comenta que, no Sindicato dos Sapateiros, o acordado era que o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) seria pago em dez parcelas mensais. Não foi o que aconteceu. “Eles pagaram duas parcelas. A primeira em outubro e a segunda em janeiro. E só”. Lucas diz que já procurou a empresa várias vezes. Todas sem sucesso. “Cansei de ir. Já perdi até as contas. Quando a gente vai procurar saber do nosso direito, eles dizem que estão negociando empréstimo com o banco, só que nunca marcam um dia certo para o pagamento. Às vezes, eles faltam até com respeito”.
Além disso, Lucas diz que um dos artifícios utilizados pela empresa é o uso de linguagem de difícil compreensão para o trabalhador. “Eles usam uma linguagem difícil por achar que a gente não entende”. Para o operador de prensa, a demora só tem uma explicação. “Eu acho que eles esperam que a gente entre na justiça para ganhar mais tempo, mas eu não vou entrar agora porque eu preciso desse dinheiro. Eu não quero fazer isso”.
Lucas ressalta ainda o desapontamento com a empresa onde, segundo ele, sempre gostou de trabalhar. “A Amazonas era uma empresa tão boa de se trabalhar, respeitava tanto os funcionários. Acho que não precisava de chegar a este ponto”.
Do outro lado, Saulo Pucci diz que está fazendo o possível para resolver o problema. “Infelizmente, nós não conseguimos fazer (o pagamento) com a velocidade que queríamos. Janeiro, fevereiro e março foram muito ruins para o mercado de calçados, mas existe um otimismo muito grande na indústria calçadista de componentes".
Mesmo assim, Pucci garante que o pagamento ocorrerá até o final do próximo mês. “Os nossos compromissos, você pode ter certeza de que serão cumpridos, ainda este mês ou no mais tardar no mês que vem, dentro da possibilidade de caixa”. Enquanto isso, pede paciência para os ex-funcionários. “Na hora da derrota, a gente vai ter coragem de pedir para o grupo de pessoas duas coisas. Que tenham confiança na empresa e um pouco mais de paciência ainda”.
Fonte: Comércio da Franca (16/4/2008)
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