ESQUERDA SOCIALISTA SE REAGRUPA EM FRANCA

TITO FLÁVIO BELLINI - Historiador e Presidente do PCB-Franca

Já são mais de 10 anos desde que o PT passou a representar a maioria da esquerda em nosso país. Em Franca não foi diferente: a partir de uma autêntica renovação do movimento sindical, juntamente com a presença de estudantes e intelectuais, o partido se sustentou como a alternativa de esquerda.

Ao passar dos anos, no entanto, o partido institucionalizou-se e, a partir disso, experimentou um profundo processo de degeneração burocrática, reforçado por um governo de 8 anos que se ateve estritamente à legalidade das elites econômicas, governando abstratamente “para todos”.

Mas o que é governar “para todos”, se vivemos numa sociedade de classes? Os militantes e intelectuais mais respeitados na esquerda mundial, de Marx a Paulo Freire, sempre afirmaram que governar é fazer opções. Numa sociedade dividida em duas grandes classes, os proprietários e os assalariados, governar “para todos” significa gerir o capitalismo de modo a preservá-lo e, se possível, melhorar um pouco a vida dos trabalhadores. Significa não assumir uma posição de classe (o que por si só é uma opção conservadora, pela manutenção das desigualdades de classes). Para além da simples disputa política eleitoreira, trata-se agora de avançar a luta de classes, desmascarando os políticos oportunistas, os traidores sociais-democratas e os amigos do poder e das elites econômicas capitalistas.

Nós, comunistas, ao contrário, afirmamos abertamente nossa opção histórica pela classe trabalhadora, pela revolução socialista e pelo objetivo em construir uma sociedade igualitária, digna, humana e feliz, a sociedade comunista!

Reafirmar o comunismo hoje significa reafirmar o compromisso pela vida, pela preservação da humanidade, pela superação das injustiças e pela efetivação da democracia.

Ser comunista em Franca tem um significado especial: trata-se de uma cidade operária, em que as contradições são evidentes e gritantes. Desvelar essas contradições de forma pedagógica e organizar a militância classista de forma eficiente são tarefas do PCB. Construir uma Frente Popular e Socialista, com os militantes classistas que assumam os compromissos históricos dos trabalhadores como a grande tarefa revolucionária: esse é nosso objetivo tático imediato.

Recuperar o caráter tático da disputa eleitoral nos padrões da legalidade burguesa é outra tarefa, que caberá à Frente Popular e Socialista. Partidos, frações de partidos, lideranças sociais, operários, estudantes, trabalhadores do campo: a unidade das forças vivas militantes levará a um novo ciclo em nossa região. Um caminho repleto de desafios, mas estimulado pela esperança militante revolucionária e socialista. Um caminho que reafirma a saída à esquerda. Que pretende se apresentar como a grande novidade estratégica na luta pela construção do socialismo, a partir de nossa realidade local e regional.

Já há uma esquerda renovada em Franca. Uma esquerda que refuta o burocratismo político incapaz. Uma esquerda que levou à rápida construção do PSOL e, agora, do PCB.

O caminho está aberto e estamos apenas no início!