Internações do SUS caem e mortalidade aumenta
Da Redação
COMÉRCIO DA FRANCA
Um ano depois de ter o gerenciamento de vagas na região de Franca transferido totalmente para as mãos do governo do Estado, o que se vê é uma diminuição no número de internações e um aumento na taxa de mortalidade dos pacientes. Os dados são do Ministério da Saúde e mostram que as internações feitas pelos 13 hospitais que prestam atendimento público na região encolheram. De janeiro a maio de 2007, eles foram responsáveis por internar 16.082 pacientes. No mesmo período deste ano, foram 15.273 internações. Mais da metade destas internações aconteceu no Complexo Hospitalar da Santa Casa de Franca, que abrange ainda o Hospital do Coração e o Hospital do Câncer.
O tempo de permanência dos doentes nos hospitais também diminuiu. No ano passado, a estadia média era de 5,5 dias. Neste ano, é de 3,4 dias. Em contrapartida, no mesmo período, o índice de mortes de pacientes internados subiu 29%. Antes, de cada mil pacientes internados, 35 morriam. Hoje são 45.
Os números se referem à região do DRS (Departamento Regional de Saúde) de Franca, que abrange 22 municípios. Para o secretário municipal de Saúde de Franca, Alexandre Ferreira, o principal motivo para a queda no número de internações na região é o teto estipulado pelo Estado. “É público que há dificuldade para conseguir internar um paciente em Franca. A diminuição do número de internações pode ser causada pelo contrato que a Santa Casa fez com o Estado, que não é condizente com a necessidade da região”, afirmou.
Outro fator que também teria contribuído para diminuir as internações seria a melhora na qualidade do serviço prestado nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). “Quando melhora a atenção básica se reduz a internação”, disse.
A Secretaria Estadual de Saúde, por meio de sua Assessoria de Imprensa, eximiu-se de culpa, alegando que o governo apenas paga os valores contratados e não tem responsabilidade sobre o tratamento médico oferecido pelos hospitais conveniados. “O SUS paga, mas quem atende são as Santas Casas”, disse.
A Santa Casa de Franca alega que atende acima do que é contratado pelo Estado e que a taxa de mortalidade na unidade cresceu pouco. “A nossa taxa de mortalidade subiu de 4,69% para 4,77%, não dá para considerar isso um grande aumento”, disse Lila Crespo, assessora de imprensa.
REDUÇÃO CAUSA DEMORA NO ATENDIMENTO
O secretário Alexandre Ferreira admite que a redução do número de internações pode ser causa direta da demora no atendimento de pacientes. “Ninguém deixa de ser internado, mas fica seis horas esperando no ‘Dr. Janjão’ para ser internado na Santa Casa”, reconheceu.
Ele se refere a casos como o do aposentado Eugênio Meleti que morreu no dia 4 de abril, após ficar 35 horas esperando. Sofrendo, com o diagnóstico de pneumonia e com 83 anos de idade, ele esperou quase três dias para se internar e só conseguiu a vaga após seu filho, o sapateiro Benedito Meleti, 43, pedir socorro a um vereador. “Liguei no celular dele à meia-noite. Estava desesperado”, contou à época.
Benedito reclamou do jogo de empurra entre Pronto-Socorro “Dr. Janjão” e Santa Casa e da falta de respeito com seu pai idoso. “O médico disse que o estado dele não era bom e que precisaria de interná-lo. Mas ele mesmo (o médico) confirmou que estava complicada e quase impossível uma internação na Santa Casa. Meu pai ficou na maca, no “Janjão”, esperando até que faleceu”, disse.
Fonte: Comércio da Franca (16/7/2008)
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