O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) elaborou umlevantamento que aponta as desigualdades no Brasil. Um dos dados mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do país.
Os dados, obtidos pela Folha Online, serão apresentados pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, nesta quinta-feira ao CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). O objetivo, segundo ele, é oferecer elementos para a discussão da reforma tributária.
A pesquisa também mostra como é essa concentração em três capitaisbrasileiras. Em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos éde 73,4%, em Salvador é de 67% e, no Rio, de 62,9%.
Para Pochmann, a injustiça do sistema tributário é uma dasresponsáveis pelas diferenças. "O dado mostra que o Brasil, a despeitodas mudanças políticas, continua sem alterações nas desigualdadesestruturais. O rico continua pagando pouco imposto", afirmou.
Apenas para efeito de comparação, ao final do século 18, os 10% maisricos concentravam 68% da riqueza no Rio de Janeiro --único dadodisponível.
"Mesmo com as mudanças no regime político e no padrão dedesenvolvimento, a riqueza permanece pessimamente distribuída entre osbrasileiros. É um absurdo uma concentração assim", afirma.
A pesquisa do Ipea também mostra o peso da carga tributária entrericos e pobres, que chegam a pagar até 44,5% mais impostos. Parareduzir as desigualdades, o economista defende que os ricos tenham umatributação exclusiva.
Pochmann afirmou que um dos caminhos é discutir uma reforma tributáriaque melhore a cobrança de impostos de acordo com a classe social.
"Nenhum país conseguiu acabar com as desigualdades sociais sem umareforma tributária", afirmou.
A pesquisa do Ipea também mostra um dado inédito. A carga tributáriado país, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros, cai a 12%, considerada por Pochmann insuficiente para que o Estado cumpra as suas funções.
Fonte: Folha Online
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