Nos dias 12 e 13 de abril, em São Paulo, realizou-se o 2º Encontro Nacional da Intersindical. Contando com a participação de mais de 800 delegados e inúmeros observadores das mais diversas categorias profissionais (de operários industriais a trabalhadores do serviço público e do setor de serviços) de inúmeros estados do Brasil, o 2º Encontro da Intersindical trouxe avanços consideráveis para sua organização.
A presença de categorias profissionais as mais diversas, revela que a Intersindical vem se tornando uma alternativa de organização às entidades sindicais que buscam retomar a prática de um sindicalismo classista e de luta. Do mesmo modo, a presença de delegados vindos de vários estados, com destaque para o Nordeste, também aponta para a existência de um movimento nacional que busca se inserir em espaços mais amplos de articulação sindical. Esses fatos demonstram que a Intersindical, em sua curta existência, deu um significativo salto nacional.
Significativa presença da Unidade Classista
É importante destacar a significativa presença da Unidade Classista no Encontro da Intersindical. Esta corrente, que agrupa sindicalistas e trabalhadores de orientação socialista e comunista, foi uma das primeiras a propor a formação da Intersindical. É uma das correntes que impulsiona, desde a primeira hora, a formação da Intersindical.
Com a presença de cerca de 120 delegados de diferentes categorias e dos mais variados estados da federação, a Unidade Classista era uma das maiores bancadas presentes no Encontro. Não só sua presença numérica, mas, do mesmo modo, a qualidade de suas intervenções nos grupos e nas plenárias, chamou a atenção dos presentes. A participação quantitativa e qualitativa dos militantes da Unidade Classista ao Encontro, reflete o acerto na linha política do PCB nos últimos anos.
Ao final do Encontro, uma plenária dos militantes da Unidade Classista, tirou como tarefas a construção da Intersindical nos estados e a criação de uma coordenação nacional e regional. Do mesmo modo, ficou aprovada a confecção de um boletim nacional da Unidade Classista e a realização de conferências estaduais.
Divisão de opiniões sobre o papel da Intersindical
O 2º Encontro Nacional da Intersindical foi marcado por um debate que dividiu a plenária. Seu centro é sobre a abertura imediata de conversações com a Conlutas, com vistas a se criar uma nova central sindical. Defendida pelas correntes sindicais vinculadas ao PSOL, a proposta de criação de uma nova central sindical imediatamente, atende à decisão deste partido, que em sua Conferência Sindical aprovou uma resolução que aponta nesse sentido.
Os militantes da Unidade Classista e da Alternativa Sindical Socialista, defendem uma visão oposta, qual seja, a de não se criar agora uma nova central. Entendem que a crise do movimento sindical, aberta pela completa capitulação da CUT ao governo Lula e ao capital, ainda requer um tempo para melhor decantação. Em outras palavras, é preciso que as forças políticas e sindicais que compõem a Intersindical, não tenham pressa para a formação de uma nova central sindical. Devem, ainda, saber trabalhar com sindicatos combativos e de luta que ainda não fizeram o debate em suas bases sobre o papel da CUT. Para a construção de uma unidade orgânica, é necessária a experiência de unidade de ação, calcada em uma plataforma comum de lutas com todos os setores em oposição ao capital e ao governo. Se esse pressuposto não for cumprido, a nova central corre o risco de se tornar uma instância burocrática, administrando uma falsa unidade.
Em suma, compreendem que antes de qualquer debate acerca da formação de uma nova central, a Intersindical ainda tem de cumprir o papel original que ela se propõem, qual seja: ser um instrumento de luta e de organização da classe trabalhadora, bem como ser capaz de construir "Uma Intersindical construída com aqueles que ainda militam dentro da CUT, mas que não capitularam a proposta de conciliação de classes e com aqueles que já se distanciaram ou deixaram a Central, que se encontram dispersos, mas com disposição para darem o salto de qualidade na superação da fragmentação".
Na plenária final, a proposta de abertura de um debate foi colocada em votação. Porém, as bancadas da Unidade Classista e da ASS não participaram da votação, nem tampouco se retiraram do plenário. Simplesmente não votamos em qualquer opção: sim, não ou abstenção. Entendemos que a aprovação e responsabilidade pela abertura do debate sobre a formação imediata de uma nova central, cabem, assim inteiramente às correntes do PSOL que participam da Intersindical.
Infelizmente, a mesa coordenadora dos trabalhos demonstrando completa inabilidade no encaminhamento da votação, não reconheceu a existência de uma posição compartilhada por metade do plenário, que se recusou a participar da votação. Tentou afirmar que o 2º Encontro da Intersindical aprovava a abertura de conversas com vistas à formação da nova central. Nesse momento, instalou-se uma grande confusão, cujo final deu-se quando as diversas correntes formularam uma solução de consenso, que reconhece a existência de visões opostas dentro da Intersindical sobre o tema em questão.
As intervenções dos militantes da Unidade Classista
A participação da militância da Unidade Classista foi marcante, tanto quantitativa como qualitativamente. O camarada Igor Grabois, secretário nacional sindical do PCB e membro da coordenação nacional da Unidade Classista, afirmou que "temos 86 anos de vida. Que o movimento operário brasileiro não começou com as greves do ABC no final dos anos 1970 e nem começa agora. Ele tem uma história longa, da qual a Unidade Classista é parte integrante, assumindo todos os erros e todos os seus acertos".
O camarada Sidnei, do Sepe do Rio de Janeiro, destacou que antes de se pensar na construção de organizações de nível nacional, "é necessário que a Intersindical ganhe musculatura, faça um trabalho de organização das bases para, aí sim, pensar na formação de uma central sindical. Queimar essa etapa é repetir a prática cupulista e burocrática que tem marcado o movimento sindical brasileiro nos últimos anos". Por fim, uma das intervenções mais aplaudidas foi a da camarada Sofia Manzano, da base do Sinpro de São Paulo. Ela apontou que "a experiência da Intersindical não pode ser abandonada. Ela se tornou uma referência de luta para todos os trabalhadores brasileiros. O nível político e teórico do debate que ela produz, não tem paralelo em outras organizações sindicais no Brasil". Por fim, apontou que "não se pode pensar na construção de uma nova central, se sua independência e autonomia políticas estão comprometidas, já que muitos companheiros que defendem essa posição, estão de olho no dinheiro do imposto sindical".
A Unidade Classista sai do Encontro da Intersindical como referência no movimento sindical brasileiro. Construída por inciativa do PCB, a Unidade Classista se propõe a congregar sindicalistas e trabalhadores, do PCB ou não, que querem superar a burocratização, o cupulismo e o economicismo. A Unidade Classita estará envidando todos os seus esforços para construir a unidade de ação necessária para a retomada das lutas dos trabalhadores em nosso país. A UC propõe a realização de um Enclat, que reúna o setor combativo do movimento sindical, e signifique um salto de qualidade na mobilização dos trabalhadores no Brasil.
Fonte: PCB
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