TIBET É TERRITÓRIO CHINÊS DESDE 1253

Tibetanos viviam nas trevas da escravidão sob os Lamas

O texto a seguir é parte de um artigo publicado no jornal Revolutionary Worker nos EUA. O título original do trecho é: “A sociedade de classes no velho Tibet”.

Antes das mudanças revolucionárias iniciadas em 1949, o Tibet era uma sociedade feudal. Havia duas classes principais: os servos e os aristocratas proprietários dos servos. O povo vivia como os servos na Europa da “Idade das Trevas”, ou como os escravos e os meeiros africanos no Sul dos EUA.


Os servos tibetanos raspavam as colheitas de cevada da terra dura com arados e foices de madeira. Criavam cabras, ovelhas e iaques para obterem leite, manteiga, queijo e carne. Os aristocratas e os lamas dos mosteiros eram proprietários das pessoas, da terra e da maioria dos animais. Forçavam os servos a entregar a maioria dos cereais e exigiam todo o tipo de trabalhos forçados (chamados ulag). Entre os servos, tanto os homens como as mulheres participavam no trabalho duro, incluindo o ulag. Os povos nômades dispersos pelas áridas terras altas do Tibet ocidental também eram propriedade dos senhores feudais e dos lamas.

O irmão mais velho do Dalai Lama, Thubten Jigme Norbu, alegou que na ordem social lamaísta, “não havia nenhum sistema de classes e a mobilidade de classe para classe tornava impossível qualquer preconceito de classe”. Mas a própria existência dessa ordem religiosa baseava-se num sistema de classes rígido e brutal.

Os servos eram tratados como seres “inferiores” menosprezados - tal como eram tratados os negros no sistema Jim Crow do Sul dos EUA. Os servos não podiam sentar-se nos mesmos sítios, usar o mesmo vocabulário ou comer com os mesmos talheres que os seus donos. Tocar num dos pertences dos amos poderia mesmo ser punido com chicotadas. Os amos e os servos estavam tão distante uns dos outros que em muitas partes do Tibet falavam idiomas diferentes.

Era costume um servo pôr-se de joelhos e mãos no chão para que o seu amo pudesse usar as suas costas para montar um cavalo. O estudioso do Tibet A. Tom Grunfeld descreveu uma menina da classe dominante que habitualmente fazia com que os criados a levassem escada acima e escada abaixo por pura preguiça. Frequentemente, os amos atravessavam os riachos às costas dos seus servos.

No Tibet, a única coisa pior que um servo era um “escravo pessoal” que nem sequer tinha direito a cultivar nenhuma cultura para si próprio. Estes escravos eram frequentemente espancados, obrigados a passar fome e a trabalhar até à morte. Um amo podia transformar um servo em escravo quando quisesse. Na capital do Tibete, Lhasa, havia rotineiramente crianças a ser compradas e vendidas. Cerca de 5% dos tibetanos eram considerados escravos pessoais. E pelo menos outros 10% eram monges pobres que na realidade eram “escravos em túnicas”.

O sistema lamaísta tentava impedir qualquer fuga. Os escravos foragidos não podiam ir simplesmente estabelecer-se nas vastas terras vazias. Alguns ex-servos explicaram à escritora revolucionária Anna Louise Strong que, antes da libertação, “Não se podia viver no Tibet sem um amo. Seríamos apanhados como criminosos a não ser que tivéssemos um dono legal.”

OPRESSÃO DA MULHER

O Dalai Lama escreveu: “No Tibet não havia nenhuma discriminação especial contra as mulheres”. O biógrafo autorizado do Dalai Lama, Robert Hicks, alega que as mulheres tibetanas estavam contentes com a sua situação e que “influenciavam os seus maridos”. Mas, no Tibet, nascer mulher era considerado um castigo por comportamento “ímpio” (pecador) numa vida anterior. No velho Tibet, a palavra para “mulher”, kiemen, significava “nascimento inferior”. Dizia-se às mulheres que rezassem: “Possa eu rejeitar um corpo feminino e renascer homem”.

A superstição lamaísta associava as mulheres ao mal e ao pecado. Dizia-se: “Em cada dez mulheres encontrarás nove diabos”. Tudo o que as mulheres tocassem era considerado contaminado - pelo que foram criados todo o tipo de tabus sobre as mulheres. As mulheres estavam proibidas de tocar em medicamentos. A escritora Han Suyin relatou: “Nenhuma mulher estava autorizada a tocar nos bens de um lama, nem podia construir uma parede, porque ‘a parede cairia’... Uma viúva era um ser desprezível, um diabo em vida. Nenhuma mulher estava autorizada a usar instrumentos de ferro ou a tocar no ferro. A religião proibia-as de erguerem os olhos acima dos joelhos de um homem, tal como os servos e os escravos não estavam autorizados a erguer os olhos até à face dos nobres ou dos grandes lamas.”

Os monges das principais seitas do Budismo Tibetano rejeitavam a intimidade sexual (ou mesmo o contacto) com mulheres, como parte dos seus planos de santidade. Antes da revolução, nenhuma mulher tinha alguma vez posto os pés na maior parte dos mosteiros ou nos palácios do Dalai Lama.

Há relatos de mulheres queimadas por darem à luz gêmeos ou por praticarem a religião tradicional pré-budista (conhecida como Bon). Os gêmeos eram considerados prova de que a mulher tinha acasalado com um mau espírito. Os rituais e a medicina popular da Bon eram considerados “bruxaria”. Como noutras sociedades feudais, as mulheres da classe alta eram vendidas em casamentos arranjados. A tradição permitia que um marido cortasse a ponta do nariz da mulher caso descobrisse que ela tinha dormido com outra pessoa. As práticas patriarcais incluíam a poliginia (em que um homem rico podia ter muitas mulheres) e, nas famílias nobres das terras mais pobres, a poliandria (em que uma mulher era forçada a ser esposa de vários irmãos).

Entre as classes mais baixas, a vida familiar era semelhante à da escravatura no Sul dos EUA. (Ver “A Vida de Uma Escrava Tibetana”). Os servos não podiam casar nem sair de uma propriedade sem autorização do amo. Os amos transferiam à sua vontade os servos de uma propriedade para outra, separando para sempre as suas famílias. A violação das servas era comum - no sistema ulag, um senhor feudal podia exigir “esposas” temporárias.

TIBET É TERRITÓRIO CHINÊS DESDE 1253

O Tibet faz parte do território chinês desde a época da dinastia Yuan, a partir de 1253, quando a região foi unificada, após longo período de lutas internas. Já em 1260, Hubilay Khan, 1º imperador da dinastia Yuan, nomeou Pagba (líder da escola Sa’gia de Budismo do Tibet) ‘grande conselheiro imperial’. Quatro anos depois, o imperador encarregou Pagba dos assuntos budistas e dos assuntos relativos à administração do Tibet.

Em 1268, o imperador chinês organizou com lideranças locais a cobrança de impostos e estabeleceu o sistema de administração local, integrado ao governo central, favorecendo a fusão da política com a religião.

Em meados do século 14, a dinastia Yuan foi derrubada e substituída pela dinastia Ming, que manteve a organização administrativa anterior. Durante os 300 anos da dinastia Ming, os povos de origens han e tibetana conviveram em harmonia.

No século 17, após substituir a dinastia Ming, a dinastia Qing reforçou a integração administrativa do Tibet. Em 1653 e 1713, os imperadores Shun Zhi e Kang Xi conferiram, respectivamente, os títulos de Dalai Lama e Beinqen Erdeni, correspondentes aos dois grandes sistemas budistas da facção Gelugba da região. Desde então, os cargos de Dalai Lama e Bainqen Erdeni eram confirmados e registrados pelo governo central.

Nas décadas de 20 e 90 do século 18 o governo central da dinastia Qing recorreu duas vezes às armas em apoio à população do Tibet, respectivamente, para apaziguar a hostilidade de um destacamento de tropa mongol e para rechaçar outro exército invasor, combates em que os tibetanos obtiveram vitória.

A partir da fundação da República Popular da China em 1949, foi colocada na ordem do dia a libertação dos tibetanos do regime de escravidão que oprimiu a população durante séculos. A revolução chinesa tentou a negociação pacífica com o Dalai Lama e teve que enfrentar e derrotar em 1959 uma rebelião urdida pela elite aristocrático-lamista, em conluio com os imperialistas. Só então, o Tibet foi libertado do regime em que os aristocratas podiam mutilar e matar seus servos e escravos, que constituíam 95% da população. A elite feudal - apenas 5% dos tibetanos -, se apoderava das terras cultiváveis, dos bosques e pastagens e sustentava odiosa opressão à mulher. Como cidadãos de região autônoma na China Popular, os tibetanos tiveram acesso à terra, à educação, à saúde; liberdade de expressão e de religião. Participam dos órgãos representativos do Tibet em nível do governo central e regional.

Fonte: Comitê Regional PCB/SP

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