LUIZ NETO COMÉRCIO DA FRANCA Dentre as ações de Relações Corporativas que me cabem no contexto do Grupo Corrêa Neves de Comunicação, algumas são muito complicadas. Apagar incêndios, a exemplo. O leitor menos atento poderia estar se perguntando agora: “e eu com isso?”. Digo sem medo de errar: apagar incêndios, principalmente os grandes, é complicado e produz experiências únicas, capazes de permitir crescimento rápido mas impossível de ser ensinado. Vou me ater a apenas um caso dentre os vários que se produzem todos os dias cá no contexto de nosso trabalho no Comércio da Franca e Rádio Difusora AM. Há mais ou menos um mês, a TV Record reuniu representantes de candidaturas a prefeito de Franca, para discutir as regras de debate que apresentará em 10 de setembro. Na oportunidade do encontro aquele veículo de comunicação optou (ôpa!) por pedir aos representantes das coligações presentes que votassem sobre modificação em uma das regras, exatamente aquela que contemplava ausência de qualquer dos candidatos no dia do debate. Por 3 votos a 2 (Tito Flávio, Jorginho e Cristiano a favor; Sidnei e Pelizaro contra) que “se um candidato não aparecesse, quem formulasse pergunta à cadeira vazia ficaria com o tempo de resposta e com o tempo de tréplica do faltante”. Dizem que Sidnei, quando soube, gritou a ponto de despertar defuntos, em cemitério. “Mas como?”. Os mais chegados tiveram certeza que ele não iria mesmo a debates – como, aliás, comunicou por ofício ao Comércio, à EPTV e à própria Record, na quinta-feira desta semana – e estava tranqüilo quanto a não ir. Apenas não esperava que “lhe dessem um golpe à traição, permitindo que os tempos que usaria fossem para seus concorrentes”. Pois bem. Seu chefe de campanha, Zé Marcos Bertelli (ele mesmo, aquele sempre lembrado e eficiente centroavante estilo “tanque”, que deu muitas alegrias ao futebol da Francana na década de 60; querido professor de matemática de várias gerações nas escolas públicas, ex-secretário de Administração e de Educação do primeiro governo de Sidnei, na década de 80, um cara controlado e de fala mansa) esteve comigo há várias semanas, para protocolar carta em que Sidnei comunicava que não participaria de encontros onde houvesse candidato perguntando a candidato. Dizia, no ofício, que iria a qualquer “debate” onde fosse inquirido por jornalistas ou pelo povo. Acho que o prefeito, homem esclarecido e comunicador notável, derrapou - ou pretendeu fazer a mídia derrapar em seu ato falho – pois “debate” requer controvérsia, confronto. Se isso não houver, não é debate; é entrevista, sabatina ou qualquer coisa similar. Fomos o primeiro dos três meios de comunicação (Difusora, Record e EPTV) que anunciaram debates entre candidatos a prefeito de Franca a ser procurado por ele. Embora respeitando a decisão de Sidnei, conversei com Zé Marcos para que tentasse convencer o atual prefeito a comparecer sim: “Será a oportunidade de responder às críticas de seus concorrentes”; “será a comprovação de que não teme confrontos”; “será oportunidade para tirar votos de seus concorrentes, se argumentar melhor que eles”; coisas que eu diria igualmente a qualquer dos outros, se a situação fosse a mesma. Zé, um democrata que confia no poder de fala, argumentação e nas propostas de seu líder, voltava lá. Discutia. E voltava aqui, dizendo que a decisão era mesmo a de não participar. Estivemos juntos mais duas vezes, quadros repetidos. Zé tentou, verdadeiramente. A decisão da coligação de apoio a Sidnei manteve a decisão. Soube que, inclusive, ofício final já pronto, Zé ainda falou com o prefeito. E Sidnei disse: “não vou contrariar meu grupo de apoio”. É isso. O debate da Rádio Difusora, em 2 de outubro, três dias antes da votação definitiva, acontecerá com participações “por enquanto” confirmadas de Cristiano Rodrigues, Gilson Pelizaro, Jorge Martins e Tito Flávio. A conduzir o evento, regras que não foram negociadas ou votadas e sim, criadas e apresentadas como capazes de garantir equanimidade a quem estiver presente e a respeitar – por que não? – quem não comparecer. Não seria preciso mais do que isso. O eleitor fica mais sábio a cada dia neste País de tantos contrastes e incêndios a serem apagados. PS – Zé Marcos é um homem acostumado a grandes batalhas. Sei que tentou até o momento final porque era assim que agia quando centroavante da Francana. Ou quando Zélia Cardoso – aquela Ministra da Economia de Collor – confiscou-lhe o prêmio da Loteria que acabara de ganhar. E ainda agora, quando enfrenta, bem junto ao filho, mais uma dura batalha. Zé é um vencedor, porque nunca desiste. Quanto a seu líder... MÍNIMOS DETALHES A Difusora e o Comércio da Franca, organizadores de debates entre candidatos a prefeitos e vices de Franca e entre prefeitos de Cristais Paulista, Pedregulho e Patrocínio Paulista, realizaram uma interessante simulação da ação, na noite da quinta-feira. O grupo de coordenadores fez com que figurantes ocupassem os lugares principais do cenário: o mediador, os jornalistas e radialistas que perguntam, os candidatos (Corrêa Neves Júnior, diretor-responsável e Joelma Ospedal, editora-chefe deste Comércio, além deste colunista), o pessoal do som-ambiente, da transmissão radiofônica, da informática e do site do jornal (poderemos ter até transmissão por vídeo, nas datas dos eventos oficiais!), a comissão que decide sobre direitos eventualmente desrespeitados, para concessão de direito de resposta. E uma platéia (os “convidados” dos candidatos), integrada por jornalistas, radialistas e pessoal administrativo do Grupo. QUASE REAL O que era para ser simulação, pegou fogo. A encenação durou duas horas e até os “bate-bocas” próprios de eventos do gênero aconteceram. Segundo Denise Silva e Vinicius Araujo, coordenadora do Projeto de Cobertura das Eleições e mediador, foi possível mensurar todos os detalhes, situações críticas, tempos colocados à disposição dos atores principais da cena e realizar correções de rumo, tudo ditado pelas regras aprovadas na última semana com o grupo de candidatos. Profissionalização irrestrita para reduzir ocorrência de erros. Luiz Neto Jornalista, editor de Opinião do Comércio - luizneto@comerciodafranca.com.br Fonte: Comércio da Franca (09/8/2008) |
A 'FUGA' DO PREFEITO
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário