Obama não é o primeiro candidato negro à presidência nos EUA
Pela primeira vez, um negro disputará por um dos grandes partidos as eleições presidenciais norte-americanas. Independentemente de quem seja Barack Obama e de que política terá condições de desenvolver se chegar à Casa Branca, o fato de sair candidato não é pouca coisa. Quantos de nós achavam que tão cedo veriam uma coisa assim? Bem ou mal, algo se move no centro do Império.
Obama não é o primeiro candidato negro à presidência ou à vice, nos EUA. Na verdade, já houve muitos outros candidatos negros, mas concorrendo por pequenos partidos – e, como se sabe, aquela “grande democracia” não admite nada que não passe pelo controle de suas oligarquias. Não há chance de alguém ser eleito, a não ser por Democratas ou Republicanos, até porque os nomes das centenas de outros candidatos nem aparecem nas cédulas.
As candidaturas afro-descendentes de maior repercussão política nos EUA foram as de uma mulher e comunista, em 1980 e 1984: Angela Davis, nascida em 1944, escritora, teórica e militante da causa negra, ligada ao combativo movimento dos Panteras Negras. Em 1972, foi presa, acusada de um crime político que não cometera, mas absolvida e solta, após grande pressão interna e internacional. Aproximou-se do marxismo e entrou para o Partido Comunista dos EUA (CPUSA), pelo qual foi candidata a presidente duas vezes. Em ambas, conquistou a surpreendente marca de quase 200 mil votos. Nas campanhas, denunciava a opressão dos negros, das mulheres e da classe operária. Atacava a política imperialista do governo norte-americano e apontava o socialismo como o único caminho para acabar com as desigualdades daquela sociedade.
Angela Davis sempre disse que, enquanto cidadã dos EUA, era triplamente oprimida: como mulher, como negra e como comunista. Inspirou milhões de pessoas, no mundo inteiro. Sua luta não terá sido em vão. Algo realmente se move no centro do Império.
Fonte: Informativo da Base Horácio Macedo - PCB Zona Sul, Rio de Janeiro, ano II, n° 13, jun. 2008.
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