Para quem fechou o ano com uma dívida estimada em R$ 94 milhões e não raro anuncia controle de gastos, a Prefeitura de Franca tomou uma atitude estranha. Decidiu investir mais de meio milhão de reais na compra de pedras. E sem uma necessidade imediata, já que esta quantidade é suficiente para atender a pelo menos oito meses de consumo.
A aquisição poderia ter sido feita mês a mês, sem despender tanto dinheiro de uma só vez. Considerando-se a estabilidade do preço do produto e que ele virá da pedreira pertencente ao município, foi uma espécie de “caderneta de poupança” às avessas, sem qualquer previsão de benefícios ou rendimento.
Para se ter noção da quantidade de pedras que a Prefeitura comprou, as pedras totalizam aproximadamente 30 mil metros cúbicos, ou 6 mil caminhões cheios. Com isso, seria possível cobrir com uma camada de quatro centímetros o gramado do Maracanã, que tem 8,2 mil metros quadrados (110 de comprimento por 75 de largura). Poderia ser utilizada ainda na mistura de massa asfáltica. Neste caso, daria para fazer 431 quilômetros de concreto.
A fornecedora do material será a Emdef, que deverá entregar as pedras aos poucos, conforme houver precisão. A compra, apesar do elevado valor - R$ 585,3 mil no total -, foi feita por dispensa de licitação. O edital de ratificação e homologação cita que serão adquiridas pedras, pedriscos e pó de pedra, mas não são citados os preços e quantidades individuais de cada material. Sabe-se apenas que, em média, o metro cúbico custou R$ 19.
O presidente da Emdef, João Marcos Rodrigues, afirma que o objetivo da compra por atacado é estocar o produto para que não falte no segundo semestre, já que em outubro haverá eleições e o poder de compra das administrações ficará mais limitado. “Quando é ano de eleição, fica-se restrito em uma série de coisas. Então, a Prefeitura fez um edital maior para passar o ano”, afirmou.
Rodrigues disse que as pedras se dividem em vários tipos e têm várias utilidades para serviços realizados pela Secretaria de Obras e Serviços, como recuperação de voçorocas e desbarrancamentos, e são utilizadas em maior escala em épocas de chuva.
Secretário de Obras, Ismar Tavares foi procurado em seis oportunidades, na tarde de ontem, para explicar a destinação que será dada ao material, mas não atendeu, em nenhuma delas, seu telefone celular. O prefeito Sidnei Rocha (PSDB) também não falou sobre o assunto. Perguntas foram enviadas por e-mail ao seu gabinete, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.
Fonte: Comércio da Franca (14/3/2008)
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