Programa Socialista - Ponto 17: Direitos Humanos
"A estrutura econômica capitalista e o
poder econômico dos grandes monopólios se expressam
no controle do processo político. O sistema político resulta ser extremamente
adequado à manutenção dos interesses das classes dominantes que podem interferir
diretamente na dinâmica eleitoral e nos rumos dos governos e representantes
eleitos. A transição da autocracia burguesa na forma da Ditadura empresarial
militar implantada em 1964 para uma democracia burguesa não implicou na efetiva
incorporação dos trabalhadores e da maioria da população na vida política e nas
esferas reais de decisão, transformando o jogo político numa forma de
legitimação do poder de uma minoria com a perpetuação de seus interesses. Como
a classe trabalhadora se levantava depois de uma longa noite de terror imposta
pela ditadura, organizava-se e se colocava em luta, a burguesia não conseguiu
consolidar uma alternativa própria para dirigir o Estado em sua nova fase
“democrática”, em que era preciso buscar o mínimo de legitimidade entre as
classes trabalhadoras e os setores médios tão duramente atingidos pela
contrarreforma e as privatizações.
A primeira alternativa política dos grupos dominantes nesta fase (depois de descartado o controle direto pelos políticos fiéis à ditadura) foi a criação de uma “social democracia”, que já nascia velha e deformada, sem um passado de luta por direitos, tampouco uma relação com as bases organizadas dos trabalhadores como aconteceu na Europa levando ao “Estado do bem-estar social”. Aqui, a versão brasileira da social democracia já nasceu comprometida com o grande capital, aliada ao fisiologismo e ao conservadorismo e adepta das teses neoliberais."
A primeira alternativa política dos grupos dominantes nesta fase (depois de descartado o controle direto pelos políticos fiéis à ditadura) foi a criação de uma “social democracia”, que já nascia velha e deformada, sem um passado de luta por direitos, tampouco uma relação com as bases organizadas dos trabalhadores como aconteceu na Europa levando ao “Estado do bem-estar social”. Aqui, a versão brasileira da social democracia já nasceu comprometida com o grande capital, aliada ao fisiologismo e ao conservadorismo e adepta das teses neoliberais."
Programa Socialista - Ponto 16: Segurança Pública
"A realidade das contradições se chocou
com a aparência de que tudo ia bem. A economia
crescia, banqueiros, capitalistas industriais, magnatas do comércio,
empresários do agronegócio, empreiteiros nadavam em montanhas de lucro e
ostentavam padrões ofensivos de consumo de bens de luxo; os governos usufruíam
de enormes índices de aceitação. Cooptação, controle e repressão se combinavam
para silenciar qualquer dissidência, a pobreza persistente continuava
invisível, morando em lugares precários, sem saneamento, sem serviços, onde os
pobres continuavam vítimas da polícia sócia do crime e do crime organizado
sócio da polícia.
Foi isso que explodiu em junho de 2013 e se tornou uma torrente de protestos de massa e de enfrentamentos, onde se clamava por serviços e direitos, em defesa da vida contra a ordem do capital que a mercantiliza. De forma multifacetada, não homogênea, estes movimentos miraram com precisão e clareza seus adversários: as instituições da farsa democrática e seus protagonistas, os templos do consumo ostensivo, a polícia e seus aparatos de repressão e morte, os prédios e a instituição políticas desta ordem excludente e desumana.'
[...]
A ampliação de direitos não significa para o PCB uma aperfeiçoamento da democracia burguesa nos quadros institucionais existentes. A intransigente defesa dos direitos humanos aponta para a superação das formas econômicas, sociais e culturais próprias da ordem burguesa que tem que ser superada na direção de uma verdadeira emancipação humana. A defesa e garantia dos direitos humanos, da vida e da dignidade humana começa pela luta implacável contra a exploração da classe trabalhadora, das diversas opressões de gênero, sexo, regionalidade e etnia, funcionais à ordem burguesa, mas incompatíveis com uma sociedade emancipada."
Foi isso que explodiu em junho de 2013 e se tornou uma torrente de protestos de massa e de enfrentamentos, onde se clamava por serviços e direitos, em defesa da vida contra a ordem do capital que a mercantiliza. De forma multifacetada, não homogênea, estes movimentos miraram com precisão e clareza seus adversários: as instituições da farsa democrática e seus protagonistas, os templos do consumo ostensivo, a polícia e seus aparatos de repressão e morte, os prédios e a instituição políticas desta ordem excludente e desumana.'
[...]
A ampliação de direitos não significa para o PCB uma aperfeiçoamento da democracia burguesa nos quadros institucionais existentes. A intransigente defesa dos direitos humanos aponta para a superação das formas econômicas, sociais e culturais próprias da ordem burguesa que tem que ser superada na direção de uma verdadeira emancipação humana. A defesa e garantia dos direitos humanos, da vida e da dignidade humana começa pela luta implacável contra a exploração da classe trabalhadora, das diversas opressões de gênero, sexo, regionalidade e etnia, funcionais à ordem burguesa, mas incompatíveis com uma sociedade emancipada."
Programa Socialista - Ponto 15: Auditoria das Corporações Transnacionais
“O capitalismo brasileiro desenvolveu-se de tal
forma que atingiu patamares monopolistas
preservando sua posição subordinada ao centro do sistema. Por isso, boa parte
da riqueza produzida pela classe trabalhadora de nosso país aflui para as empresas
transnacionais que tem origem nos países que constituem o "centro" do
sistema. Isso ocorre tanto por mecanismos legais, através da lei de remessa de
lucros, como ilegais, tais como o superfaturamento das importações e
subfaturamento das exportações. A pressão sobre nossos salários e a
precarização das condições de trabalho, para que o "custo Brasil"
caia continuamente (junto com nossa qualidade de vida), torna-se muito maior.
À burguesia brasileira interessa a importação de capitais, pois é esta a condição necessária de seu desenvolvimento, que eleva a sua produtividade e dinamiza sua reprodução. A nós, trabalhadores, interessa que esta riqueza seja socializada entre os que a produzem e que a vida seja desmercantilizada. Por isso nossa luta só pode ser, ao mesmo tempo, anticapitalista e anti-imperialista. A auditoria de tais remessas é nosso primeiro passo. E é também para isso que lutamos para construir o Poder Popular.”
À burguesia brasileira interessa a importação de capitais, pois é esta a condição necessária de seu desenvolvimento, que eleva a sua produtividade e dinamiza sua reprodução. A nós, trabalhadores, interessa que esta riqueza seja socializada entre os que a produzem e que a vida seja desmercantilizada. Por isso nossa luta só pode ser, ao mesmo tempo, anticapitalista e anti-imperialista. A auditoria de tais remessas é nosso primeiro passo. E é também para isso que lutamos para construir o Poder Popular.”
Programa Socialista - Ponto 14: Direitos dos Trabalhadores
"O
ciclo "neoliberal", com suas consequências, provocou a resistência dos trabalhadores organizados em partidos,
sindicatos e movimentos sociais, o que ameaçava a hegemonia burguesa. A questão
foi resolvida com a adesão de forças sociais vindas das lutas das classes
trabalhadoras à ordem capitalista e burguesa. Estas forças operaram um pacto
com as classes dominantes em nome da classe trabalhadora que, em troca de muito
pouco (manutenção dos postos de trabalho e políticas focalizadas de combate à miséria
absoluta.) impõe a flexibilização e perda de direitos históricos, a
intensificação da exploração do trabalho e a perpetuação das condições que
estão na raiz das desigualdades que marcam nossa sociedade.
Escolhido este segundo caminho, o PT acabou se
transformando em uma alternativa de governo que, para chegar à presidência,
garantir sua governabilidade e perpetuar-se, viu-se enredado em alianças
primeiro ao centro e depois à direita, descartando até mesmo seu moderado
programa de reformas e assumindo o pressuposto de que não existe alternativa
fora da ordem capitalista, da economia de mercado e da institucionalidade
burguesa. Este transformismo do PT desarmou a classe trabalhadora, cooptou ou
apassivou parte de suas organizações e movimentos sociais e produziu uma adesão
passiva e despolitizada de parte da classe trabalhadora por meio da garantia de
emprego, do controle da inflação e do acesso ao consumo via facilitação do
crédito. Tudo isso, na verdade, com o intuito maior deaprofundar a acumulação de
capital nos patamares desejados pela grande burguesia monopolista, mantendo as
privatizações, a política monetária e fiscal, o equilíbrio orçamentário e seus
superávits, uma política de juros altos que agradasse ao capital financeiro.
O PT se transformou no operador ideal da
contrarreforma necessária ao capital, porque se comprometeu em garantir os
interesses da grande burguesia ao mesmo tempo em que mantinha apassivado o
setor mais organizado e combativo dos trabalhadores. O que faltava era um
controle da parte mais miserável da classe trabalhadora e isso foi realizado
focalizando as políticas sociais para combater os efeitos da miséria absoluta
através de políticas compensatórias sugeridas pelo Banco Mundial, como a bolsa
família.
De fato, o apassivamento não vem do atendimento,
ainda que precário, das demandas das classes trabalhadoras, mas da
intensificação da exploração e do aumento da concorrência entre os
trabalhadores, que passam a se ver não como aliados contra a ordem do capital,
mas como concorrentes na disputa pelas oportunidades do mercado e nas
trajetórias de autossuperação individual, como empreendedores cavando os
pequenos espaços que se abrem na ordem desigual do capitalismo para vencer na
vida. Passam assim a imaginar que seu inimigo imediato é o outro trabalhador e
não a burguesia monopolista que se beneficia desta economia de mercado para
abocanhar a maior parte da riqueza produzida.
[...]
Um governo socialista deve operar no sentido de
reverter a atual tendência de retirada e de flexibilização de direitos
historicamente conquistados pela classe trabalhadora. Nessa direção, o PCB
afirma seu compromisso com os direitos dos trabalhadores, começando por aqueles
ligados ao mundo do trabalho, no entanto, é necessário também neste campo ir muito
além.
A garantia do emprego e das condições de trabalho,
da saúde do trabalhador, do salário, da jornada, das férias e outros direitos
históricos devem ser ampliados com formas de poder operário capazes de
enfrentar o capital que trata a força de trabalho como recurso descartável,
fato acentuado nos períodos de crise. Ataques aos trabalhadores se apresentam
hoje como formas ditas flexíveis (banco de horas, produção por contrato,
terceirização e outras), que de fato precarizam os vínculos beneficiando os capitalistas".
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